terça-feira, 9 de novembro de 2010

de fato, equilibrio o 09/11/

Parada no maldito onibus permanecia sentada olhando os corpos atormentados pela água que caia lá fora.
O humor das pessoas mudam quando
chove...
O meu nao.

Todos se encolhendo no terminal fugindo da água, e eu alma solitária encostada no banco sem expressão nenhuma, aquele frio gelado me fazendo sentir a vida, 'se ao menos tivesse sem minhas coisas na bolsa poderia sair daqui e de maneira mais direta deitar em uma calçada e saborear o gosto de estar embaixo dela, fria, tão fria' pensei. As pessoas olhavam pra mim com faces de quem diria "menina ta louca? vai se molhar!"
o que há de mal em se molhar? quem criou esse conceito de anormalidade em estar molhado e sentir frio? pegar uma doença?

Saí de lá sem saber onde ia, não queria voltar pra casa, andei por ruas que geralmente não andaria, e acabei por nem ligar mais se minhas coisas
molhariam, estava sozinha, em um lugar onde ninguém poderia ter contato comigo, ninguém.

Eu que estava lá, verdadeiramente, eu na companhia de mim mesma, e me sentia completa, sem aproximações desnecessarias. Só observava, os problemáticos passando que acreditam que vida é isso mesmo, crescer, estudar, achar alguém pra sexo/casar (porque companhia é o que os fazem bem), entreterimento, morrer. Se vendo como revolucionários, seguindo os mesmos caminhos que seus pais/amigos. Repetindo a bosta.
E meu equilibro me cegava, não precisava disso mais, de ninguém que amasse.
Só dentro do meu divertimento.

A indiferença entrava em mim como algo que eu jamais senti.

Atravessei uma rua qualquer, notei um passaro estraçalhado no chão, exalava cheiro de ovo podre, meu passado, minhas tristezas mascaradas, tudo
que eu já amei, exalava ovo podre, como a carne esmagada do pássaro.

A chuva continuava a cair.
Meu coração batia estranhamente como se naquele momento eu tivesse fugido do inferno, o inferno social. Tive certeza, finalmente, que não há nada melhor
do que solidão.


Não se apegue. Nunca.
O equilibrio não está no amor.

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